30 de nov. de 2013

Lei para fazer cumprir a lei


O Estado de S. Paulo
A aprovação pela Comissão de Constituição e Justiça ( CCJ ) do Senado , em caráter terminativo o que significa que a matéria segue diretamente para a Câmara, o de projeto de lei que estabelece duras penas para a autoridade que não der destinação correta ao dinheiro proveniente de multas de trânsito tem vários aspectos importantes a considerar
. Em primeiro lugar , evidentemente , está o esforço para evitar o desvio de recursos que podem ajudar a disciplinar o trânsito e reduzir o elevado número de acidentes , nos quais dezenas de milhares de pessoas perdem a vida todo ano . Estabelece o artigo 320 do Código de Trânsito Brasileiro que ' a receita arrecadada com a cobrança de multas de trânsito será aplicada, exclusivamente, em sinalização, engenharia de tráfego, de campo, policiamento, fiscalização e educação (...).

Embora a lei seja , como se vê , muito clara e direta, ela vem sendo sistematicamente desrespeitada. Segundo o senador Vital do Rego Filho (PMDB-PB ) , autor daquele projeto - PLS 329/2012 - , um levantamento feito pelo Tribunal de Contas do Estado de São Paulo indica que , dos mais de R$ 600 milhões arrecadados com a aplicação de multas no Estado , apenas 0  05% teve destinação correta .

 A autoridade que assim agir poderá, de acordo com a Lei de Improbidade Administrativa (Lei n.º 8.429/1992), ser punida com penas duras, como a perda da função pública e a suspensão dos direitos políticos por cinco a oito anos.  Mas não custa torcer para que o projeto vire lei e com ela aconteça o que é elementar - que seja respeitada pelo temor de suas penas . O ideal é que o número de multas seja pequeno e , consequentemente , o dinheiro delas proveniente seja insignificante . Já que isso não ocorre entre nós , que pelo menos os milhões das multas sirvam , como estabelece corretamente a lei , para ajudar a mudar a situação .

A capital paulista criou no governo passado, um fundo para receber os recursos das multas e dar-lhes destinação certa. Como mesmo assim não há sinais de que a segurança aumenta e as multas diminuem, a solução para todo o País parece ser mesmo tentar, com uma nova lei mais dura, conseguir o cumprimento de outra que não "pegou".